Encontros e desencontros: meu filme sem roteiro!
Uma crônica sobre dates, dilemas modernos e a arte de continuar apostando no próximo capítulo mesmo sem roteiro.
Navegar entre um aplicativo e outro: essa é a realidade atual de quem quer conhecer alguém sem sair de casa. Mas, para uma romântica como eu, é meio estranho dizer que o amor da sua vida pode estar a um deslizar de dedos na tela do celular.
O match high-tech é a nova troca de olhares. É o novo “será que ele me notou?”. Quantas vezes já deslizei para a direita só para alimentar o ego com o tal do match… Entre dez potenciais matches e conversas meia-boca que saem do tradicional e chato “Oi, tudo bem e você?”, pode ter certeza: apenas um, com sorte! Vai levar ao tão esperado date.
Ah, o date! Existe algo poeticamente trágico em sair para um. Você se prepara psicologicamente, escolhe o melhor look, stalkeia o Instagram, passa o seu melhor perfume... Mas, como todo bom filme, sempre tem um plot twist.
E, tratando-se da minha vida amorosa, o universo, esse danadinho, anda um tanto quanto piadista comigo. A gente se engana fácil com esses alecrins dourados, né? Na maioria das vezes, é só lobo em pele de cordeiro mesmo.
Se fosse fácil encontrar alguém, não teríamos tantos encontros que parecem desastres anunciados. E o mais engraçado é que, mesmo sabendo que a chance de dar ruim é gigante, a gente continua apostando no próximo date. Torce para que o beijo tenha sabor de promessa, para que o papo flua e, importantíssimo, para que a pessoa do outro lado não seja só mais um esquerdomacho com alma de hétero top.
Se relacionar em tempos de amores líquidos é para os fortes. Exige resistência e uma boa dose de resiliência. É um esporte de risco que a gente pratica com a leveza de quem acredita que o próximo encontro pode ser AQUELE!!!
E tem também o medo. O medo de se entregar demais, de perder a espontaneidade tentando agradar, de mostrar as imperfeições e não ser aceita. E aí bate aquela dúvida: será que vale a pena se expor? Será que finalmente encontrei alguém que encaixa na minha bagunça? Ou será só mais um episódio nessa novela interminável de encontros e desencontros?
Na dúvida, continuo sendo sincera, autêntica e sem medo de errar!
Mas é cansativo bater na trave. De novo. E de novo. E de novo. O tal do golaço… quando será que vem? Fico nesse chove-não-molha de “ser ou não ser”. Eis a questão. Cadê aquele que eu estou procurando e que também está me procurando? Quando é que os astros vão, enfim, se alinhar para um match com date certeiro?! Infelizmente, não dá pra saber. Nem o tarô tem essa resposta.
Por isso, entre um date e outro, aprendi a rir dos desencontros. Transformei minha vida amorosa no maior entretenimento das minhas amigas. Como uma boa taurina, persistente, determinada e com sangue brasileiro que não desiste nunca, sigo com fé de que, quando eu menos esperar, em um desses encontros malucos, a vida vai surpreender com alguém que vai valer a pena tentar.
Até lá, seguimos. Entre apostas de dates, sorrisos nervosos, respostas rápidas, silêncios longos e beijos que não viram história. Porque, no fim, o que importa não é o encontro perfeito, é a coragem de continuar encontrando.